CRIANÇA SE CASA AOS 13 ANOS

De baixa estatura e magrinha – tem menos de um metro e meio e 39 quilos, Aline dos Santos , sequer entrou na adolescência, mas já está esperando o seu primeiro filho.  Tem apenas 13 anos. O pai, Valdenor da Silva, o Nô, primo dela, tem a mesma idade, é baixinho mas troncudo, resultado na lida diária na roça. Estão casados  há alguns meses, depois de um breve namoro. Como diz o pai dele, Valdemir da Silva, tentando brincar com a situação, partiram logo para os finalmentes.  Dizem que tem medo do futuro, mas estão alegres com a chegada do bebê, lá para o início do próximo ano.

Aline e Nô formam o casal mais jovem de Rodelas, pequena cidade localizada às margens do lago formado pela Barragem de Itaparica, no sertão da Bahia. Mas não passam de crianças. Ainda não são apontados nas ruas porque são poucas as pessoas que sabem a história. Vão ser pais aos 14 anos. Terão que cuidar de uma criança em um período das suas vidas no qual deveriam estar sob os cuidados de alguém. “Eles vão continuar morando aqui, na nossa casa”, espera Lenice de Lima, mãe de Nô.

Eles afirmaram que no início do namoro, orientado pela mãe de Nô, usaram preservativo. Mas depois relaxaram e não mais preveniram uma gravidez, que dizem não ser indesejada, mas reconhecem que chegou cedo. Muito cedo.  “Por uma parte fiquei feliz com a gravidez. Por outro sei que sou muito nova para ter um filho”. Revela que não está arrependida de ter assumido uma relação tão cedo. “Também estou feliz por ter me casado”.

Os dois deixaram a escola. Aline, que estava no sexto ano,  argumentou com pais e sogros que as colegas iriam se admirar com a sua gravidez. Não queria ser apontada na escola. Nô, que cursava o quarto ano, optou em trabalhar alugado nas roças para juntar dinheiro para a vida a três que o espera dentro de mais alguns meses. “Vou trabalhar para sustentar o nosso filho”, diz com segurança.

O casal infanto-juvenil repete as histórias das suas mães.  Ambas iniciaram suas vidas sexuais cedo, pouco depois da primeira menstruação. E cedo tiveram filhos. A mãe dela aos 13 anos pariu a primeira filha, Maria Luiza, e a dele, o teve com 16. Todos veem sob o prisma da naturalidade uma história que tem um enredo envolvido pela singularidade.  

Reportagem \ BATISTA CRUZ